sexta-feira, 7 de agosto de 2009

dar o peito...

Antes tarde do que nunca!

Todo ano, na primeira semana de agosto é comemorada a semana mundial de aleitamento materno e como não podia deixar de ser, a familinha está participando!
Para fazer parte da blogagem coletiva promovida pelo mammys blogs, vou contar um pouco sobre a nossa experiência com a amamentação.

Quando eu engravidei eu já sabia sobre os beneficios do parto normal e da amamentação, mas na primeira gestação as fichas demoram a cair... precisei primeiro, lutar por um parto normal, e demorei 30 semanas para perceber que era preciso trocar de médico. Com a proximidade do parto e a realização de que daquela barriga sairia uma outra pessoa, meu medo não era o parto em si, já que estava amparada por uma equipe de primeira, mas a amamentação. Eu queria muito amamentar exclusivamente, mas mal sabia por onde começar... Já em trabalho de parto, decidimos de última hora, chamar um pediatra neonatologista -uma vez que meu parto ocorreria num hospital - não fazia nenhum sentido ter um parto natural e depois submeter nosso filho à todos os procedimentos tenebrosos da rotina hospitalar. Assim que o Tom nasceu ele veio para o meu peito e aí começou nossa história de amamentação!
As primeiras mamadas, ainda no hospital, ocorreram tranquilamente, apesar de que eu tinha um dos bicos que ainda precisava ser formado e isso causou algumas fissuras... Fui para casa e o terceiro dia, meu leite desceu... Como doía, tive febre, engurgitamento, dores, medo e tudo mais que uma mãe de primeira viagem tem direito... Ligamos para o pediatra, ele veio em casa, me disse que era assim mesmo, que eu podia e devia chorar, que estava tudo bem e que tudo ia passar, o mantra da maternidade começou a ser repetido na minha cabeça: "vai passar! tudo passa, para o bem e para o mal...! Porque a gente sente saudades de tudo isso... do bb pequenino que só se acalma quando está no peito da mãe, da amamentação exclusiva, desse comecinho "de bicho" que a gente vive, protegendo e nutrindo a cria, o clima da casa, os feromônios bombando, fazendo a gente sentir o cheiro do bb em tudo, dessa entrega e dedicação exclusiva... e daqueles olhinhos enormes que te fitam como se vc fosse o mundo deles, como se nada existisse para além daquele momento!
Não tem como falar em amamentação sem falar em entrega, é preciso estar ali, inteira pronta para esse salto no escuro, nesse mar de amor e hormônios!
Também não tem como falar em amamentação sem falar em apoio... uma vez que as mulheres estão cada vez mais distantes das outras mulheres e seus partos, que somos filhas de uma geração pouco amamentada, que vivemos o "bum" do complemento artificial e da propaganda massificante... o círculo feminino de apoio e proteção precisa ser recriado, reencontrado, reconectado, a internet tem colaborado muito, vide a quantidade de blogs, listas de discussão e grupos de apoio...
No nosso caso o apoio do Rapha, meu marido, foi imprescindível...
Cacá (o neonato) ensinou meu marido a me ajudar, ensinou massagens, trouxe uma presença muito íntima entre nós três, nos ajudou a reencontrar e reconstruir o lugar de cada um nessa nova configuração familiar, sem este apoio não sei se teria conseguido... Passados quase dois meses de dor no início da amamentação, um seio ótimo e o outro mais complicado, conseguimos seguir com a amamentação!
Por que eu não desisti, por que conseguí não complementar? Em primeiro lugar, porque eu realmente acredito no poder e na qualidade da amamentação, nunca duvidei que meu leite era forte, nunca achei que meu filho estivesse passando fome, porque ele crescia "a olhos vistos", e porque mesmo com dor no início da pegada, logo ela se dissipava e se transformava em prazer. Eu sentia a ocitocina correndo no meu corpo, sentia meu braço quase formigando durante a produção do leite, sentia uma amor e uma sensação de êxtase e quando ele me olhava...
(Tom mamando aos dois meses)
Eu sabia que estava no caminho certo!
E assim fomos, amamentei exclusivamente por 5 meses, depois optei por introduzir a alimentação (eu voltaria para a facu e ele ficaria + de 6h longe de mim), seguimos com a amamentação em livre demanda até os dois anos, quando precisei voltar a dormir uma noite inteira, fiz o primeiro desmame, o noturno... Depois, dos dois aos três anos, fui gradualmente reduzindo o número de mamadas, até que chegamos a uma antes de dormir e uma quando acordasse... muitas vezes ele dormia sem mamar (ele nunca precisou do peito para dormir, uma coisa não estava condicionada à outra) e muitas vezes quando acordava já saía correndo para brincar e nem pedia o tetê... Com 3 anos e dois meses desmamamos (eu e ele) ele entendeu rapidamente, ficou doente e depois cresceu... eu é que sofri, passado um tempo me deu muita saudade, de tê-lo em meus braços, de sentir que sou seu alimento, que posso nutrí-lo com meu amor, meu leite e minha alma. Mas sei que fiz a coisa certa, que era a hora e ele está muito bem com isso, a gente conversa e isso nunca foi um tabu, falamos normalmente sobre mamar e desmamar, sobre ser bebê e sobre crescer, que na vida a gente tem que abrir os braços para liberar espaço para coisas novas, é preciso soltar algumas coisas para que outras caibam neste lugar.


(Tom aos dois anos e meio mamando!)

Um comentário:

Thaís Rosa disse...

linda história! parabéns! me inspirei muito.